A liberdade é perseguida como um ideal pela humanidade desde tempos imemoriais. É o fim político supremo e a condição necessária para o sucesso das interações sociais. No entanto, na medida em que o mundo muda, a percepção e a vivência da liberdade também mudam.
A chamada era digital começa a derrubar os limites conhecidos para a liberdade – é quase uma quinta dimensão, na qual as barreiras conhecidas e todos os freios para a ação humana são derrubados, um a um.
A internet é, como diria Hayek, uma ordem espontânea, um espaço no qual a interação humana gerou um ambiente que não foi resultado do projeto de ninguém. Ninguém planejou que a internet chegasse a ter tantos usos, e não podemos traçar com precisão como será o amanhã. Simplesmente agimos na rede, e percebemos que o resultado de nossas ações terminou por causar uma revolução no acesso à informação. Para aqueles que pensavam que uma ordem derivada de múltiplas e indeterminadas interações e comportamentos humanos era impossível de ser concretizada de forma organizada e sem intervenção, a era digital se apresenta como uma quebra de paradigmas.
Mas os novos meios de comunicação digitais não são apenas formas mais rápidas de acessar informação. Há uma novidade que é maior, e que influirá na cultura da liberdade de modo muito mais decisivo: o processo de educação é agora autodirigido. Cada indivíduo, com seu celular, seu computador, é o gestor do seu aprendizado. À frente, estão infinitas portas, todas as oportunidades e informações do mundo – e o caminho de descobertas traçado na nuvem de informação é único para cada um.
O indivíduo é agora o agente máximo de seu aprendizado. Mas não é só isso. O comércio, que já era global e atravessava fronteiras, agora as ignora – e todos comerciam diretamente, sem aduanas e atravessadores. A democracia também muda, e mais opiniões se espalham. Cada pessoa pode gerar conteúdo para todo o mundo. Mas há uma contrapartida: até onde vai o poder do Estado em um mundo em que toda a informação está disponível?
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O Big Brother, de George Orwell, está mais próximo do que nunca.
Todas essas questões nos trazem a um novo mundo, em que o velho ideal de liberdade mantém sua natureza, mas se apresenta de formas inovadoras, em espaços antes fechados e para pessoas antes apartadas.
Fruto da capacidade de cada um, e de todos ao mesmo tempo, a internet apresenta-se como uma revolução no conhecimento, e nos leva a questionar as consequências que afetarão as liberdades econômicas, políticas e civis. A nova geração traz em si a cultura da liberdade? Quais os limites e os desafios da liberdade nesse novo mundo?
Bem-vindos ao Fórum da Liberdade de 2011.
Veja mais sobre as obras de George Orwell que temos na Biblioteca da ETS.
Disponível em: http://www.forumdaliberdade.com.br/fl24/xxiv-edicao/. Acesso em: 10 abr. 2011. (texto)