Hoje, ao chegar na ETS (Escola Técnica em Saúde, no HCPA), tive a grata surpresa de receber ótimas doações da nossa Diretora, professora Elige. Dentre os materiais doados, esta obra belíssima e atual - com texto bilíngue português/espanhol.
Vale a pena ver, para apreciar as fotos e saber mais sobre energia eólica!
Disponível em: <http://www.libretos.com.br/obras_det.php?id=41>. Acesso em: 10 ago. 2009.
Tu podes consultar na Biblioteca da ETS:
VENTOS DO SUL ENERGIA. Parques Eólicos de Osório: Rio Grande do Sul/ Brasil. Porto Alegre: Ventos do Sul Energia, 2007. 201p. (* p. 108-109)
Aproveitando a deixa - e em "homenagem" ao vendaval que tem assolado nosso estado, aqui vai um poema do qual gosto muito. Eu o conheci declamado pelo próprio autor, bem antes de ser eleito membro da Academia Brasileira de Letras: Carlos Nejar! Tive o prazer de escutá-lo declamando quando cursava Magistério no Colégio Sévigné (nem vou dizer quando!)...
O Campeador com as rédeas do tempo (*)
Carlos Nejar
Quando os ventos chegarem
na terra forte,
quando as nuvens rolarem
sobre as nuvens
e o vento se deslocar
sobre o vento,
o sonho tombará o sonho,
reverdecendo.
Quando o vento se deslocar
sobre o vento
na terra forte,
os homens serão setas no tempo.
O tempo destila o tempo.
II
Os ventos serão asas,
os homens serão ventos,
as noites serão as noites
dentro das noites,
as casas
dentro dos homens,
o tempo.
A morte sempre vivida
é vida multiplicada.
III
Nada,
nem a lentidão
do drama,
o curto espaço
em que habitava,
o fio da espada,
nem os trópicos,
nada embaciava
aquela onda horizontal
o Cavaleiro e sua jornada.
IV
As pedras se transformam
em astros longe ventando,
os pássaros retomam
os horizontes de vento.
As noites passam
dentro das noites
e os ventos dentro dos ventos.
A morte sempre vivida
é vida multiplicada.
V
O vento é o vento ,
a vida é noite
cheia de ventos,
porém ao vento
como encontrá-lo ?
Na sombra branca ,
na sombra branca,
na sombra branca de seu cavalo.
VI
O vento é o vento;
as crinas não rompem
o silêncio
e ao seu galope
retumba a água,
prossegue sempre,
até que o tempo
desmonte a morte,
no seu galope,
desmonte o tempo.
Prossegue sempre.
VII
Quando os ventos forem caminhos
e os ventos-ventos forem sementes,
quando os cavalos forem moinhos
e a noite negra for transparente,
quando os ventos forem caminhos,
quando os barcos forem poente,
quando os cavalos forem moinhos,
moendo a noite tranquilamente,
quando os ventos forem caminhos,
a vida cheia de ventos
na vida feita semente,
moendo o jugo com seus dentes,
quando os ventos forem caminhos,
seremos ventos e ninhos,
sombras esguias, ventos-moinhos,
moendo a noite nos seus caminhos.
Obras do poeta na Biblioteca da ETS (empréstimo):
NEJAR, Carlos. O Campeador e o Vento. Porto Alegre: Sulina, 1966. 114p. (3 exemplares)
______. Casa dos Arreios. Porto Alegre: Globo; Brasília: INL, 1973. 103p.
______. O Poço do Calabouço. Rio de Janeiro: Salamandra, 1977. 105p.
______. Somos Poucos. [Porto Alegre]: Crítica, [1974]. (2 exemplares).