segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O POETA (RAIMUNDO CORREA) E A BAILARINA (ISADORA DUNCAN)

Raimundo da Mota de Azevedo Correia - Maranhâo, 13/05/1859 - Paris, 13/09/1911.
O poeta nasceu a bordo, no litoral do Maranhão.
Bacharel em Direito (1882) pela universidade de São Paulo, exerceu a magistratura em São João da Barra (1883), o professorado na Faculdade de Direito de Ouro Preto (1892) e a diplomacia, como secretário de legação em Lisboa.
Obras:"Sinfonias"(1883); seguiriam-se "Versos e Versões", 1883/1886 (1887), "Aleluias", 1888/1890 (1891) e "Poesias" (1898). Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras.
As suas «Poesias» foram reunidas em volume na capital portuguesa (1898). Constitui com Alberto de Oliveira e Olavo Bilac a tríade dos mestres do parnasianismo brasileiro.
Céptico, tímido, introvertido e misantropo, a sua obra em verso é de tendência filosófica.
Foi um sonetista admirável e, segundo Manuel Bandeira, autor de “alguns dos versos mais misteriosamente belos da nossa língua."

As pombas
Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

Referências:

MOUZINHO, Antonio Ruivo (Org.). A Circulatura do Quadrado. Porto: Unicep, 2004.
Disponível em:
Disponível em:
<http://www.releituras.com/raicorreia_menu.asp>. Acesso em: 13 set. 2009. (Texto e poesia)
Disponível em:
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Isadora Duncan (Angela Dora Duncan) - San Francisco, 27/05/1878 - Nice, 14/09/1927.

Isadora, a irmã e os dois irmãos foram criados pela mãe admiradora de literatura, poesia, música e artes plásticas; a partir dos 4 anos, frequentou um curso de ballet clássico.
Isadora costumava dançar ao ar livre e na praia e, já aos 11 anos, dava aulas para as outras crianças com sua técnica muito pessoal e intuitiva, tendo abolido as sapatilhas de ponta que, no seu entender, deformavam a musculatura feminina. Assim, ajudava no sustento da família que passava por sérias dificuldades financeiras. A imprensa local publicou críticas altamente favoráveis à nova técnica corporal que surgia: dança e mímica, pequenos números acompanhados da leitura de poemas.
A carreira deslancha. Em 1895, para ampliar seus horizontes, partiu com a mãe para Chicago, onde trabalhou em várias produções: Mme Pygmalion, Sonhos de uma Noite de Verão e shows de vaudeville.
Excursionando com a companhia, chegou a Londres onde começou a dançar em reuniões organizadas por damas da alta sociedade. Alguns convidados destas socialites a levaram para Paris onde, finalmente, Isadora encontrou a aceitação que tanto buscava para seu estilo. Num momento em que a arte da dança se limitava apenas a entretenimento, Isadora mostrava às platéias um novo “vocabulário” no ballet e as grandes potencialidades do movimento corporal. Mostrou sua arte a ilustres admiradores (entre eles o escultor Auguste Rodin).
Espírito livre, não acreditava em casamentos formais. Mas, ao encontrar o produtor teatral Gordon Graig viveu durante algum tempo uma relação tumultuada, de onde nasceu a menina Deidre.
Disponível em:
Com Paris Singer, um dos herdeiros do império das máquinas de costura, teve Patrick. Eram crianças adoráveis às quais Isadora pretendia passar o legado de sua arte. Em 1913, uma tragédia alterou profundamente sua forma de ver a vida: Deidre e Patrick morreram afogados num acidente automobilístico no Sena, juntamente com a sua babá irlandesa. Um ano depois deu a luz a um terceiro bebê do sexo masculino ( que ela julgava a reencarnação de Patrick ) que morreu horas após o parto.
Após perder sucessivamente os 3 filhos, quase oito anos de afastamento completo se passaram. Convidada pelo Comissariado da Educação, mudou-se para a Rússia, ocupando uma casa de dois andares, onde estavam matriculadas cerca de mil crianças.
Em 1921, fundou a Escola Soviética de Dança, em Moscou. Reapareceu para a opinião pública ocidental em 1922, já casada com o poeta russo Serguei Yesenin, 17 anos mais moço. No ano seguinte, viaja com o marido para Estados Unidos, na tentativa de retomar a carreira no país natal. Em 1924, deixa a América para sempre, desgostosa com o tratamento discriminatório que recebe. As autoridades não podiam tolerar o engajamento de uma cidadão americana com os ideais da revolução bolchevique.
O casamento - conturbado pelo alcoolismo do casal e brigas constantes - termina com o suicídio de Serguei, em 1925.
Porcelana estilo Art Noveau: Isadora Duncan

Disponível em:
<http://www.theatrebooks.co.uk/detail.php?id=12511>. Acesso em: 14 set. 2009.
O estilo de Isadora dançar era baseado na improvisação de movimentos, na natureza e nas manifestacões culturais da Grécia Antiga. As bailarinas também saltavam, corriam descalças e usavam túnicas de tecido leve, que modelavam suavemente as formas do corpo. As moças passaram a ser consideradas como filhas e a acompanhavam nas apresentações e seis delas foram autorizadas a usar o sobrenome Duncan : Anna, Irma, Margot, Maria Theresa e Lisa.
Abalada com a sucessão de perdas afetivas que sempre se seguiam aos ganhos materiais e artísticos, Isadora tornou-se ainda mais extravagante, imprevisível e escandalosa para os parâmetros da época, ao apoiar novas tendências como o controle da natalidade e a alimentação vegetariana. Aclamada como o espírito vivo da dança e discriminada pela postura transgressora, feminista, revolucionária, inspiradora de poetas e artistas, tornou-se um ícone.
Os últimos anos de Isadora Duncan foram vividos em Nice, na Riviera Francesa. Em setembro de 1927, quando atravessava mais uma fase de decadência, morreu da mesma forma espetacular como viveu : estrangulada pelo écharpe que se prendeu às rodas do carro esporte sem capota em que viajava.
Seus dois livros: “My life” e “The Art of Dance”, gravações de palestras e textos de artigos para jornais e revistas ficaram como legado para as futuras gerações de dançarinos.
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