segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

ESTANTE PÚBLICA Nº 1 - AV. NILO PEÇANHA, 106 - PORTO ALEGRE - RS


"Devir = O que há de vir. O Futuro. Movimento permanente das coisas que se desfazem, transformando-se em outras coisas.

O movimento por si identifica algo que se altera. Um corpo sai de seu posto estanque e amortecido para algo novo. Surge o inusitado e logo, da inquietação ao movimento.

Segundo a física quântica, apenas vemos aquilo que conhecemos [...]Não conseguimos enxergar muitas das coisas que nos rodeiam, estão em nosso dia-dia e apenas por não conhece-las, não as vemos. Isso pode ser compreendido metaforicamente, ou não. O fato é que não percebemos muitas coisas.

Buenas, a intervenção urbana provoca de uma certa maneira uma pequena brecha de respiro. Se entende um corpo humano como algo integrado e consciente. Você talvez não perceba a primeira vista, mas tenha certeza, seu corpo viu antes de você, e te comunica. Eis a brecha que acontece nessa fração de milésimos.

No âmago desta instalação não existe um estímulo à leitura, essa talvez seja a primeira vista o ponto desta ação urbana. Não quer cumprir um papel educador. Antes de falar de direitos e poesia e questionar onde está a poesia em nossos direitos é um agente concreto estimulante do aparelho sensitivo do nosso corpo.

A leitura, a curiosidade, o ato de escrever, tudo isso são estímulos ligados diretamente ao nosso “sentir”, à nossa sensibilidade para perceber nas nuances que a arte não é necessariamente uma obra, mas também um processo, um acontecimento, um fenômeno em movimento constante.

Pude perceber ao voltar à Estante Pública n°1 no final da tarde, que além de “pública” estar escrita sem o acento agudo, os livros não estavam no mesmo quorum. Não, ao contrário do que a gente esta acostumado a pensar, no vandalismo, no descaso aos livros. Pois bem, eles não só aumentaram de número como se pode encontrar pequenos recados entre as páginas. Isso é uma transformação, um fenômeno. A obra em si, não necessita ser a estante de livros, mas sim o que ela provoca nas pessoas, o que estimula a fazer, o que questiona. Este fenômeno vem a partir daquela brecha, daqueles milésimos de segundos. Aquele que nunca havia se deparado com aquela estante num vão urbano como muitos que existem pelas cidades, toma a iniciativa de deixar um recado para outro qualquer, esse relacionamento incógnito aproxima e faz, voltando a física quântica, que uma peça se mova, no indivíduo, na estante, no bairro, na cidade. E quando você move uma peça, você altera todo o sistema de coisas numa reação em cadeia, isso é física, isso é arte, portanto, aqueles que se sentirem à vontade, sigam e transformem a “obra” em seus próprios devires...Está em processo e nós todos estamos dentro dele..."


Leia mais sobre esta intervenção - post transcrito e crédito da foto:

Disponível em: <http://www.estantepublica.blogspot.com/>. Acesso em: 08 dez. 2008.

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